Tuesday, August 28, 2018

It`s an outlier!

A cidade, o monte: Entrançar os borbotos na veia



A cidade é boa para almejar melhoramentos.
A cidade é boa para praticar o dever.
A cidade é boa para acalentar desejos de ouro.


A cidade, os seus salários, as semanas de nove dias, favorecem a reclusão ambulatória, um pensar arrastado de preço, manhãs indistintas, sem quebrantos. Anda-se por ali, na cidade, dentro de si, de janela subida, atento ao pestanejar dos cílios, à crista de um sono imponderável.

Na cidade, há depois o monte, os desníveis da acidentação, a exalar uma impressão de vida. Na cidade, o monte vem descrito nas folhinhas: um paralelo de geografia e vida social, vestido de floresta, a acarretar motivos e ermida própria, primordial, longe do invólucro dos cargos, daquele cheiro que fica a prato do dia.

Na cidade, o monte exerce uma função que se afigura necessária: o monte permite medir a cidade, dar outro nome aos acontecimentos, entrançar os borbotos na veia. Os acontecimentos, a cidade, assim entrevistos por óculo graduado, variam de feição, de tónus, consoante o abono dos montes adiante.

Nas folhinhas, o monte sugere novos motivos e comedorias, manhãs claras de arregalar o olho, um outro tempero alteado na panela. Vai-se, volta-se, de alma peneirada. Ostenta-se depois o monte no écran, acena-se do seu alto, do seu teso cimeiro.

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