Thursday, February 25, 2016

It`s an outlier!

Susete.



Quando a dona susete nasceu, houve quem jurasse que teria um destino difícil.
Não havia vereadores na família, ou conhecimentos próximos dos cimentos úteis da nação.

Aos domingos à noite, o pai da dona susete ligava a televisão, e sonhavam, todos, com dinheiro.

Um dia, na segunda classe, um professor ergueu um dedo e apontou-o para a dona susete.
Nesse dia, a dona susete soube que era especial. Tinha um talento. Sabia esperar. Esperava muito bem. Ninguém esperava como ela.

A dona susete sabia fazer durar o tempo, os domingos, o pousio. Isto é, os sonhos que um dia acontecem.

Depois desse dia, houve quem quisesse empregar a dona susete, para que ficasse simplesmente à espera. Em centros de saúde, em casamentos, em provadores de roupa, em maternidades, no aeroporto da portela.

A dona susete começou a esperar a tempo inteiro.
Teve dois filhos e uma laranjeira.

A dona susete reformou-se no dia em que morreu, o dia em que deixou de ficar à espera.

No dia em que morreu, o cortejo fúnebre da dona susete saiu devagarinho da igreja.
Diz-se que foi um pedido dos seus seguidores, que queriam ficar no cemitério à sua espera.

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