Sunday, December 27, 2009

Palavras de Cotrim

Balanço.

A partir do que se aceita
no alvor do movimento,
o que leva
um homem
a fazer o balanço de si mesmo,
- fisionomia de uma natureza
que se repete -
é, supomos,
a crueza do mundo
que se transporta,
irónico perfil
numa deriva
que acumula descrições
de um horizonte sensível,
um vocabulário que
se precipita
em regiões cutâneas,
pois
os benefícios da análise
não se restringem
à epiderme,
condição de súmula
de um povoamento
do universo interno,
e os modos de ler
levam o tempo que for necessário,
a despeito
dos temores
das aspirações,
migrações em refluxo,
balanço
da esteoripia
do necessário,
nutrientes,
detergentes,
matéria pungente
que arde,
lamentos urgentes,
produtos afluentes
do sentir,
veículos medianos
do que está para vir,
um furacão,
projecto de reconstrução
que não poderá
estabelecer-se sem alarde.

A epopeia humana,
a aceitação do mundo possível,
nas suas diletantes formas e funções,
é uma questão de cenografia,
um retorno perpétuo
a um movimento inicial,
a nostalgia do outro,
na sua passada larga e altiva
que atende a convenções,
o que leva
um homem
a fazer o balanço de si mesmo.

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