Escrever.
As palavras que se escrevem, e não são (somente) ditas,
devem fazer com que as coisas pareçam necessárias
que o meio seja indispensável, relacionado com a acção que decorre.
[Será a escrita válida (apenas) aquela que em nós produz sentido, e gera um efeito que perdura além do tempo de leitura?]
O fim do que é escrito, porém, deve ir além de um automatismo prescrito, expositivo, explicativo
da metroníma,
da ênfase,
da queda do compasso em parágrafos breves e longos, sem adjectivos ou advérbios substantivos.
É preciso sugerir, ir além do que é esperado, um produto pasteurizado, evitar o bocejo ensonado.
Ocuparmo-nos das relações estabelecidas entre as palavras-significante, veículos de significado
onde pousam vozes, ideias de civilização.
O resto é do tempo.
O uso eloquente do silêncio,
a respiração dos proscritos,
engenhos malditos, um calor ríspido
que derrete o gelo
com demasiada rapidez.
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