Um facto encontra-se, para nós, agora, bem presente: o trânsito dos anos civis é um momento de ilusão convincente.
Enfeitadas com os tecidos da época, que deverão evidenciar a sua origem e relevância social, as pessoas, de chapéu cónico e muito brilhante, aguardam, com expectativa e expressão baça, o embalsamar e a derrota do ano velho. Comunicam semelhante esperança e desejos avulsos a outros, certamente seus pretensos pares, usando as suas máquinas de produção automática de conversa. Em Portugal, a esperança foi comunicada 473 milhões de vezes na passada quinzena, para gáudio de quem opera a comunicação portátil e a fabricação automática de ditos vazios e pretensamente espirituosos.
Trata-se de farrapos de conversa, que significam pouco mais que nada, pois é talvez isso, que as pessoas têm para dizer, cada vez mais, umas às outras.
Que pretendem as pessoas, assim deste jeito? Nova quitina, a aparência de um exo-esqueleto refeito, pensado e definido a preceito.
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