Sunday, November 12, 2006

Palavras de Cotrim

Ansiedade.

Até ao início da década, a ansiedade, entendida enquanto condição, estado ou resposta, do espírito e das vísceras, a uma disposição indutora de perturbação, não configurava um quadro nosográfico com existência legimitada.
Até, então, falava de um problema de nervos, que se naturalizava amiúde no meio de um esforçado suspiro: "Isto é assim: É a vida".

Neste momento, a ansiedade é uma trademark da contemporaneidade, quem sabe subdiagnosticada. À valorização do que se apresenta, possui e ostenta com espectacularidade - o êxito, o dinheiro, a beleza, a jovialidade, a assertividade, a clareza e o pragmatismo das ideias -, associa-se a mais profunda ausência de sossego. Não um sossego de propósito hedónico. Simplesmente, sossego.

Convém nunca esquecer o dito completo de Ortega y Gasset:
"Eu sou eu, e as minhas circunstâncias".

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