A crónica.
Gostamos da ideia da crónica. Da sua elevação à qualidade de género. Das suas frases curtas e do ponto final obsessivo. Do ritmo de Nelson Rodrigues, da iconoclastia de Auberon Waugh, das certezas unívocas de João Pereira Coutinho. Quem propõe a escrita de uma crónica, mais do que um escritor, deve ser um amigo. O melhor amigo. Deve ser confessional, sem ser um livro aberto. Deve falar das paixões, sem nunca mencionar os amores. Quem escreve crónicas, acima de tudo, deve educar. Mas mal. Deve ser o mentor da devassidão. Tem de perverter. Conspurcar. Curar a depressão, levando ao suicídio.
Nunca deve acertar.
O cronista deve ser infeliz. Miserável. Uma perdiz.
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