Outros homens e mulheres, por sua lua e princípios, são navios de coisas sublimes fugidos em direcção a marrocos. Já foram rios, mas aborreceram-se, com o passar do tempo, com a paisagem. Carentes de açudes e circunstancial histórico, sofreram nos pés, na cabeça, o gesso da norma, a vontade de prosseguir.
Certos homens e mulheres são - dizem-se, dizem-nos - diferentes. São uma mala, e isso adequa-se, aparentemente, ao inédito distintivo que pretendem tomar nos braços. O quadrado das suas ânsias incentiva o apetrecho peregrino, no ramo mais alto da nogueira. Conhecem os portos, os navios, os rios, correm os estores, as cortinas, falam inglês quando lhes tocam.
Únicos, livres para o altar da estrela, estes homens e estas mulheres pretendem, assim dizem, conhecer todos os portos, todas as portas, todos os outros. Pretendem, em síntese, praticar a descoincidência (na relação com os outros, consigo mesmos), acedendo a motivos, a recursos, a situações de vida, díspares, distintas, distintivas, em relação ao que era até então por si conhecido.
Para Georg Simmel (1999 [1917])*, a experiência moderna é, no essencial, a experiência da descontinuidade, da descoincidência, que decorre da separação, do afastamento de uma filiação determinada. Para estes homens e estas mulheres, descoincidir representa, neste sentido, um motivo e uma experiência diferenciante, um acontecimento passível de ser vivido, em primeira mão, como uma condição de vida distante dos termos da vida comum, razão de possíveis distinções futuras.
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Simmel, G. (1999 [1917]). Études sur les formes de la socialisation. Paris: PUF.
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