Ter medo.
Estamos vivemos presos a uma roda,
de passo trôpego,
desencontrado,
ao longo do sol a pino.
Todos os dias vêm navios ao mundo,
e nós, entre soluços,
contamos
histórias de camisas, de basílicas, de equívocos.
Depois há alguém que entra e pergunta o que há depois disso -
da cisterna da obrigação,
dos tentáculos da árvore,
do verso ligeiro da lembrança.
Chegamos tarde ao abono das nuvens e das pontes levadiças,
e, no entanto, podemos sempre levantar o dedo para,
além de uma lágrima, realizar o fundo da harmonia.
Merecemos, talvez, viver rodeados de prédios, de caliças.
De ruínas, de acácios, de pachecos.
Merecemos, talvez, a tibieza de costumes, a cabeça de corvo dos séculos.
Merecemos, talvez, todas as horas de pasmo,
todas as terças-feiras de angústia,
todos os dias do calendário do medo.
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