(I) Viver em edifícios é bom.
Dá para falar,
para pensar,
para mijar,
para arquear as sobrancelhas.
Nos edifícios,
há maridos mulheres e filhos,
prenhes de crença
na bondade
das telhas.
(II) Quem vive em edifícios vai pouco à rua.
Viver lá dentro deve ser bom, portanto.
Para quem vive em edifícios,
ir à rua é um acontecimento.
Assim, quem vive em edifícios anuncia quando vai à rua:
- olha, vou ali à rua num instante.
(III) Quando vai à rua,
aquele que vive em edifícios
tende a dirigir-se a outros edifícios,
em particular,
aqueles que têm,
por baixo no meio por cima,
um pingo doce,
um barbeiro,
uma pastelaria.
Ir a pastelarias é bom.
Há muito ar lá dentro.
Dá para planear as férias.
E para pedir aquele pão
que fica duro enquanto se guarda o troco.
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