(há já alguns dias que uma nova actividade se vem intrometendo na tua agenda de afazeres quotidianos. deitar coisas. começaste por um menino de que gostas particularmente, cujo deitar implica desnudá-lo primeiro. temos tentado ajudar neste cerimonial. tens deitado cada vez mais meninos, alargando, entretanto, o encargo a outros seres inanimados. uma minnie, uma garrafa de vinho, o winnie-the-pooh, uvas de mesa, um queijo do rabaçal. não consigo ainda que me deites. se me deito no chão e peço que me adormeças, sentas-te em cima de mim e olhas em frente, como quem espera pelo autocarro, com enfado, em arneiro tecelão.
no noutro dia, dei por mim a tentar adormecer um queijo do rabaçal. ocorreu-me, no dia seguinte, que, se alguém me perguntasse o que tenho feito recentemente, teria alguma dificuldade em encontrar um enunciado compatível com a necessidade de manter salubre um mínimo de vida social. Entretanto, porém, atento à actualidade, penso ter identificado um equivalente de acção, que, sem dolo significativo, poderei empregar, caso tenha de tentar adormecer de novo um queijo de rabaçal, e me perguntem, dias depois, então-pá-tudo-bem-o-que-é-feito-de-ti. Se tal suceder, vou referir, com simplicidade, que tenho estado ausente, em trabalho político. Se o meu interlocutor solicitar maior detalhe, tratarei, sem receio, de falar do que tenho feito a queijos a horas matutinas, convicto de que o equivalente por mim empregue será inteiramente compreendido).
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