Thursday, April 07, 2016

Palavras de Cotrim.

Venda.




Vender: uma perícia difícil. Uma venda, ubíqua hoje pela expansão ininterrupta dos lugares de comércio, tende a decorrer, não tanto da apresentação viva de uma mercadoria, dos seus atributos distinguíveis, mas sim, do controlo hábil dos motivos individuais, da circunscrição das escolhas possíveis, segundo minúcias aritméticas invisíveis eruditas. 

Na venda, o inglês, uma menção oblíqua ao estrangeiro, a acrónimos de parentela científica, aferventam viçosos o desejo, os motivos (vapores íntimos), as necessidades susceptíveis.

Dizem os estudos, a história, as práticas: a carne é fraca, volúvel, ressentida. Gerar, gerir na flor da carne a aparição de novos desejos, é, nos balancetes, uma garantia de mais-valias.

O homem que interroga, há minutos, uma montra, irá sentir-se subitamente acometido por uma necessidade, que experimentará como nova, sua, urgente, íntima. Irá apressar-se, convicto, numa compra - distintiva, afirmativa.

Sentirá um alívio, temporário, da sua fraqueza.

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