Wednesday, September 16, 2015

It`s an outlier!

Zé Henrique.


O zé henrique de lagos ganhou quatro dólares por hora, na base americana de israel.

Esteve lá seis anos, num tempo em que não havia workshops, em que todos os caminhos tinham silvas. Em israel, ao balcão, aprendeu o inglês, as estações do ano, a nadar cinquenta metros bruços, a olhar o mar estampado no bolso de uma camisa.

Quando voltou a lagos, o zé henrique deixou crescer a barba, comprou uma casa por duzentos contos, onde plantou, com mão ágil, árvores de fruto crescidas.

Conheceu depois uma senhora, três anos mais nova, de bom alento para limpezas, para lanches, para os têmperos na cozinha. Um dia foram juntos à drogaria, escolher azulejos para o alpendre, com letras pintadas em azul, maiúsculas, sadias.

O zé henrique passava todos os dias pela praça, falava dos problemas de sinusite, das proezas das filhas, da música do bonga, enquanto afagava a barba comprida. Nadava no mar de manhã, e à tarde, ia para casa, estendia a roupa, escolhia figos, varria.

Um dia, na praça, o zé henrique levantou-se, ergueu um dedo e disse: vou-me embora.

Até hoje, em lagos, na praça, ninguém sabe do zé henrique.

Desde então, todos os dias, a senhora, três anos mais nova, limpa a casa, estende a roupa, olha os azulejos, o mar estampado no bolso de uma camisa.

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