Adília Lopes, 46 anos.
A sua escrita terá lugar cativo neste sítio.
Eu quero foder foder
achadamente
se esta revolução
não me deixa
foder até morrer
é porque
não é revolução
nenhuma
a revolução
não se faz
nas praças
nem nos palácios
(essa é a revolução dos fariseus)
a revolução
faz-se na casa de banho
da casa
da escola
do trabalho
a relação entre
as pessoas
deve ser uma troca
hoje é uma relação
de poder
(mesmo no foder)
a ceifeira ceifa
contente
ceifa nos tempos livres
(semana de 24 x 7 horas já!)
a gestora avalia
a empresa
pela casa de banho
e canta
contente
porque há alegria no trabalho
o choro da bebé não impede a mãe de se vir
a galinha brinca com a raposa
eu tenho o direito de estar triste
Adília Lopes, Florbela Espanca Espanca, 1999 (Black Sun)
2 comments:
Tá bem que "Adilia Sempre!", mas este é muito fo...rte, para esta hora!
Nunca este poema passaria no "lapis azul" da ex-PIDE/DGS (quantos hoje saberão o que foi o "lapis azul" da PIDE-DGS?), nem mesmo no Diacono Remédios!
Porque não um poemazito "mais light" da Adilia?
Adilia Sempre!
Grande Adília...É assim mesmo!
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