A nossa introdução no universo musical fez-se pela audição dos inauditos Queijinhos Frescos. A melodia apresentava-se casta, previsível e respeitável. Boa para o entretenimento familiar de um domingo à tarde.
Seguiram-se pífios cursos de Orgão Mágico, uma respeitável credenda da autoria de Eurico Cebolo. Uma instituição nacional - convenientemente fossilizada.
A proficiência sugerida por Cebolo tropeçou num nível de motricidade fina que não permitia o ágil dedilhar do Casio de 4 oitavas.
Estávamos na segunda metade dos anos de 1980.
Por esta altura, a 8 horas de distância do local onde esperava ansiosamente pelo término de mais um calvário didáctico, em torno das claves de sol de Cebolo, fazia-se história em Chicago, Detroit e Nova Iorque.
Uma nova estética musical era desenvolvida. Uma linguagem underground, circular, intencionalmente redundante.
A actualização do universo boogie e disco dos anos 70.
Nascia a estética House.
Ron Hardy, Larry Heard, Marshall Jefferson, Farley Jackmaster Funk, Ron Trent, Chez Damier, Derrick May e Kerri Chandler foram alguns dos escultores primordiais. O ineditismo corporizado por editoras como a Trax Records, a Prescription Records, a Transmat ou a Nu Groove Records figura já nos compêndios da história.
As coordenadas legadas por este universo underground primordial continuam vivas e actuantes.
São consistentemente interrogadas e renovadas.
Há que ouvir o efeito destas rodelas de vinil a rodopiar.
"Can someone turn on the strobe lights?":
Dennis Ferrer & Jerome Sydenham - Timbuktu (Âme version) (Ibadan Recordings promo)
Marcelino Galan - House and Art (Charles Webster version) (House & Cafe Recordings promo)
Ben Westbeech - So Good Today (Osunlade version) (Brownswood Recordings #002)
Nick Holder - Erotic Illusions (Pokerflat Recordings #075)
Atjazz - For Real EP (Innervisions Recordings #007)
Booka Shade - In White Rooms (Mexico version) (Get Physical Recordings #050)
2 comments:
:)Cebolo!Tomei a liberdade de informar-me das suas incisivas obras.Para além dos livros de pedagogia musical,por todos conhecidos (aposto que até por Ana Malhõa),esta entidade fossilizada tem também romances.Destaco:"O Violador das Mortas" e "Matavam as freiras grávidas"!
Recomenda-se:
http://ecfc.blogspot.com/
(P.S - Agradeço a Cavaco a actualização marreta para afinar moleirinha!)
Para que seja reposta a verdade quanto ao contributo positivo que nos deu a todos nos anos 80, principalmente ao mentor deste "blog", não podemos esquecer essa referência da música que nesses anos nascia em português - Os Herois do Mar!
E o celebre refrão:
"com o "amoi" não mataste o "piu" beijo..."
Não se refere aqui o José Cid, porque esse é eterno, diria mesmo "intemporal", porque agora (2006), aí está ele de novo com a "cabana junto à praia" e outras melodias de sempre...
Aliás, acho que o José Cid deveria tornar-se um "case study" de âmbito nacional... Tc
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