Acredito como quem chora.
há umas idades
em já não impressionamos ninguém,
em que a emoção não faz corpo nem abraço
e nos dizemos de uma sorte sem aprumo
pouco menos vingada
talvez seja por isso
que sou pouco gajo pouco inho
um dia árvore
no seguinte as raízes
quando penteio o cabelo
ninfa enfastiada de rósea investidura
cuidado pouco tenho noutras coisas
incapaz de ter uma vocação declarada
(que se diz ser de grande conveniência)
penso em ser noivo, funcionário, militante, um cronista consequente,
e falho, e continuo, confesso uma incapacidade
de sublimação
apesar do escasso adquirido
acredito que pensar elucida a bruma
num resguardo do prejuízo da invernia
frequento os salões, sabendo pouco à procura de quê,
e definho entristeço por saber
que nem todos são do mesmo tamanho
converso a sós comigo
dois pontos travessão
penso elucido o sol em caldo ralo
quando
chega uma fruta à peça
chega uma solidão sem alívio
farta sem factura
tento perceber se a posso dar para troca
com a retracção das economias,
está tudo em promoção,
não é o momento oportuno.
rio fiado o menos possível
em cada dente
há um verde
que evoca os anos setenta
e é tudo (por agora)
No comments:
Post a Comment