Tuesday, January 17, 2012

It´s a outlier!

Aquele era um momento importante.


Houve um dia em que ele pensou fundar um instituto, coisa de onde lhe parecia, pelo atendido em redor, que só poderia brotar saúde e dúvidas devidamente reflectidas.

O seu instituto seria uma mesa com vários departamentos, artifício que regularia a acção dos indivíduos, o espírito curioso das populações, no espaço de um horário de abertura prudente, articulado num cartaz que expressaria a sua utilidade efectiva.

Pensou em dotar o instituto de uma porta, mas como no essencial o instituto era uma mesa, e a aparição de uma porta poderia redundar, aos olhos dos passantes entediados, numa desnecessária ideia de luta de classes,
ter uma mesa e uma porta pareceu-lhe excessivo.

O instituto a fundar seria a mesa, ou teria uma porta. A porta abria e fechava, o que poderia conferir dinamismo e um sentido de rotina ao quotidiano que se pretendia povoado no instituto. A mesa, em si, oferecia a possibilidade de dotar o estacionamento de ideias de uma estrutura previsível, invenção que atenderia o propósito de um instituto pujante, reformador, com a vitalidade própria de uma matéria recentemente criada.

Houve um dia em que ele pensou fundar um instituto, e no intervalo do pensamento ouviu um ministro augusto, excelente de competência no preenchimento de formulários, a afiançar, contundente no seu interesse constante, que bom, mesmo bom seria ir ver o mundo, renovando talvez assim a existência em termos amplitude alusiva, isto dito num buffet de carnes frias - o que aclara o rosto a quem assim se propõe dizer o estado alteroso do tempo.

Houve um dia em que para ele se sedimentaram os servos, adiadas as mesas, os sonhos, os departamentos, num quadro de economia aguada, ele teve mais frio do que esperança, a agonia das coisas acabadas.
Nos lábios, três sílabas declinaram o desânimo - foda-se.

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