Monday, October 17, 2011

It´s a outlier!

Ficar a dever (a 14X011).


sem mácula ou engano,
e a inevitável naturalidade
das coisas que têm de acontecer

volta o verbo vivo depurado,
dito de passo em passo,
um pouco mais de cada vez

dando escassa voz
aos ainda vivos
em inventários

os visitadores
às vinte da noite
ditam o texto
e as legendas artificiosas

cândida certa tosquia,
o bom deus é agora muito frontal

os olhos dois plenos de agudos cotovelos
inscrevem o recuo das certezas de latifúndio
- estádios estradas rotundas fundamentais -

há uma miséria que nos aflige,
um desvio, impossível objecto contábil

uma récita raça em vias de espécie
que ninguém vê ninguém sente
nos sectores os dois oficiais

tudo se faz equivaler
no real novo vertebrado

num depurado agora imposto
somos feitos exclusivos sujeitos fiscais

jantamo-nos

a marquise persiste lisa
refém de um vistoso passado lívido
de cores tomadas efémeras de empréstimo

esgotado o inventário dos pertences,
vamos ensaiar também uma pose,
uma maneira de dizer,
perder também o sentido de decoro -

sim, hoje vou ter de ficar a dever.

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