Monday, August 30, 2010

Self-disclosure

Em face do que sou.

Em face do que sou,
uma pessoa suposta,
enunciado arbitrário de verdades,
nas minhas mãos me enredo
digno, mas sincero,
subjegado à ignorância do tacto;
já o quis ardentemente,
ser o meu próprio artesanato,
captando as mãos, a voz,
o olhar interior
de que falamos
perdidos em derivas de aprendiz,

confesso-me perante um apego à decadência mística;

saltamos na bruma,
corremos no azul,
praticamos a genuflexão,
frágeis ao lado dos cumes,
desfazemos as curvas,
agora,
prestando provas aos juízos do mundo.

- Ser-se jovem, doce e superficial
é parte substantiva do encanto
de se ter a vida inteira pela frente,
assim é dito por especialistas da reivindicação -

- A lucidez é possibilidade de luz,
que elide astúcias de carácter vaporoso -

A face do que sou,
uma pessoa suposta,
nas minhas mãos, é um enredo:

um artesão e os restos de uma cadeira,
homem sério que se dedica,
apesar da carne, de deus, do tempo,
ser capaz de empreendimentos polémicos
quando distante do gosto que prevalece,
que ensaia um corpo simples
numa merenda burguesa sobre a relva,

um cenário que são significados
como todos os outros que se atribuem,
dando forma ao fado do assim tem de ser.

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