Tuesday, May 11, 2010

Self-disclosure

O silêncio pressupõe uma realidade que nos afecta.

Dispomo-nos para a bruma
quando tudo é um resto
que salva os trágicos
de um tempo,
queremos ser inteiros
em dias sem escritura,
não relevando o futuro
se as estrofes
soam a mel,

guerras eternas
assim vieram
e eram elas,
quartas-feiras,
tardes de Julho,
às três e um quarto,
cinco menos cinco,
os verbos no infinitivo
são dispostos
com afinco,
a voz que nos resume,
define,
tísica,
a congruência dos detalhes
onde acontecemos
em relação aos outros,
pessoas
sem um recipiente capaz,

desistimos,
por instantes,

de ser absolutos,
percurso e ascensão,
ruído ilegível,

um teatro de objectos
no domínio do possível,

consideramos o que há
pelo prisma do seu segredo,

de fraldas
somos gente
quando o assombro
é reverente
,
um dilúvio
de incertezas,
esparsa roupa num estendal,
não está bem
nem está mal
se um dia
nos exercermos
na capa de um jornal.

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