Vinte escudos.
Vemos a luz
com um fundo de realismo,
e os homens,
não os há,
o deserto nunca sabe como se chama
mistério de uma primavera tardia,
doces de melancia,
o dorso de maria
onde a história respeita o tempo
linha, texto, página,
não cabemos em nós próprios,
medida de um humor proteico,
o que nos dizem
é
da
índole da língua
- o detalhe é importante,
quando se tem muito para dizer -
um acontecimento vocabular
que nos determina,
obnubilando
refegos vindouros,
longos adultérios do mundo
servis
à sucessão
dos dias,
das maçãs,
o dorso
que obriga à escrita
a indústria do esquecimento
não perdoa
conceitos pedestres,
o Agosto,
axial imediato visível
que nos altera a espessura
dos sentidos,
da cútis,
corredores da figuração
de um mundo
concentrado na pose,
- o meu nome é inteiro -
são vinte escudos,
senhor,
a mecânica da ficção.
No comments:
Post a Comment