Thursday, April 12, 2018

It`s an outlier!

Um artista é diferente de um engenheiro, um engenheiro é diferente de um artista.




Um artista tem ideias sobre as coisas, reflecte sobre o avesso das coisas, mantém com elas uma relação baseada na dúvida, na distância. Um artista interroga as coisas que são, interroga se as coisas que são não poderiam ser outras. De um engenheiro espera-se que seja as coisas que são, e não outras.

As palavras de um artista adjectivam as coisas, dão-lhes um apelido, alongam o seu campo de existência. As palavras de um engenheiro procedimentam as coisas, são-lhes íntimas, próprias, substantivas.

As razões, as unidades de grandeza e e as realizações práticas de engenheiros e de artistas distinguem-se. Os artistas procuram dar uma forma à aspereza e à insignificância do ínfimo.
Para um engenheiro, o ínfimo é apenas uma unidade de grandeza.


No discurso de um engenheiro, há sobretudo cavalos.
No discurso de um artista, há sobretudo aves e borboletas.
Para um engenheiro, os cavalos, para funcionarem, têm de estar ligados por uma correia aos ventos da manhã. Para um artista, as aves e as borboletas são os ventos da manhã.


Para um engenheiro, os motivos e as palavras de um artista são uma coisa sem feitio.
Para um artista, as grandezas de um engenheiro são uma pedra desprovida de corrimento lírico.


Ao lado de uma pedra, um engenheiro pensa em trocar de casa.
Ao lado de uma pedra, um artista sente-se confortável.


Deviam almoçar com maior regularidade, os artistas, os engenheiros.
Saberiam depois, porventura, como comparecer quando chega o momento da tristeza do outro, quando chega a altura de contemplar os restos.


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