Xennials, Centennials, Millennials: Do apodo de circunstância.
A cintilação da classificação, da identificação, da pertença.
A necessidade de forjar, em permanência, novos ícones, novas figuras-signo, palavras-ídolo, categorias de classificação social que autorizem, com força e efeito de realidade, novas necessidades de consumo, de produção, outras integrações, tecno-excitações, a afirmação de diferenças.
Xennials, Centennials, Millennials: categorizar serve um propósito de descrição sintética, de diferenciação - de preferências, de interesses, de comportamentos. Porquanto assegura a continuidade da acção (de consumo, de produção), a ilusão de conformidade que a categorização assegura, apresenta as categorias em uso como explicações necessárias, referentes informativos de facto.
Xennials, Centennials, Millennials: categorizar visa a utilidade, não a exactidão. Define uma possibilidade, mais alegórica do que denotativa, de abreviar o raciocínio. Categorias e categorizações destinadas a forjar, primeiro, uma distintividade, depois a decepção.
A decepção: as palavras, as figuras-signo destinadas a estabelecer um efeito de saliência (de um grupo, de um comportamento) são já outras.
As palavras têm um efeito disruptor em relação ao que "é", no presente.
Soam a novo, disponibilizam definições, justificações, índices de singularidade alquímica.
As palavras asseguram subtilezas teleológicas. Encantam, entusiasmam, transfiguram (a realidade). Tendo a seu favor a distribuição de poder vigente, asseguram a sua própria verificação, em termos materiais, ao realizarem (tornarem real, palpável, verdadeiro) o que enunciam, pelo simples (f)acto de serem enunciadas.
As palavras, muitas vezes, abrem leitos, fissuras, e novos continentes ("realidades", "verdades") surgem. As palavras constituem, em si mesmo, uma "prova de existência" de uma "realidade".
Baby Boomers. Geração X, Y, Z. A Geração Silenciosa, a Geração Boomerang, a Geração Peter Pan. Xennials, Centennials, Millennials.
Palavras que visam a abertura de leitos, de fissuras.
Apodos, recortes demográficos de circunstância, veículos de injunção procedentes de lógicas, de discursos "pós-enfim-qualquer coisa": "eles" (os Xennials, os Centennials, os Millennials) aprendem, consomem, trabalham, relacionam-se de forma diferente.
A procura de distância individual face à urgência do condicionamento externo.
Institucionalismo não, personalismo: um desafio à ortodoxia, à retórica, à praxis de gestão, de produção, em uso numa empresa.
E o marante lá vai cantando, na rádio litoral do centro:
"toca toca toca / toca a tua sineta / eu gosto de te ouvir tocar / a tua sineta".
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