Friday, April 29, 2016

Self-disclosure.

Um grande desígnio (V).



(uma preocupação: hoje, fresquíssima ao acordar, pegaste no meu telemóvel, e levaste-o ao ouvido direito. começaste a articular gestos e discurso corrente. parecias querer encomendar sulfato para a eira de reveles. pegaste, depois, num pão escuro de centeio, e levaste-o ao ouvido direito. a encomenda parecia estar atrasada. passado algum tempo, com a mão direita em concha no ouvido direito, parecias estar a pedir uma factura. a lil pergunta de onde poderá vir este aprender, depois de um telefonema. preocupa-me, sim: não a espontaneidade do gesto, o significado íntimo da aquisição motora, ou o automatismo, a sua generalização. preocupa-me que seja incapaz de te apresentar o silêncio como forma de arrojo, de comunicação, em sociedades relacionais, e, em particular, que o offline te surja como uma expressão de castidade parva, solipsista, e não como uma escolha, uma opção voluntária, uma preferência individual, consciente, de preservação).


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