Fading.
Deito-me.
Todos os dias
olho o tecto branco,
rezo um acto de contrição,
arrisco um pé de fora
nas mantas.
Fora de todo e qualquer caminho,
tenho apetites de arroz e avenças.
A graça de uma surpresa vai-me comovendo menos.
Já vi muitas camisas, formulários,
a exaustão da paciência,
escolhi adendas, esperei muitas vezes
a minha vez, à porta.
Penso nos prédios que se repetem,
em steinbeck, que tanto vindimou,
pergunto se em delmenhorst
estará tudo também na mesma.
É-me hoje difícil fazer contas
com as cuecas apertadas,
interpretar certezas, cândidas,
deitadas em panejamentos de seda.
Aprendi, entretanto, a importância
de ir apanhar batatas,
cultivar a aspereza da terra,
sacudir da lapela as caliças.
Deitado, enumero os problemas do dia seguinte,
um receio, talvez, de acordar sem companhia.
O tecto branco fita-me.
Procuro nele, uma vez mais, abonações para umas quantas dúvidas.
Apago a luz.
Penso em guarda-sóis às riscas.
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