Gestão de tempo.
A gestão, enquanto prática dominante de organização do poder, visa a normalização simbólica do comportamento, mobilizado para o cumprimento de objectivos de produção, um modo de submissão livremente consentida nos novos evangelhos da competitividade.
Importa praticar a solução, ter um gosto pelo desempenho, entender o risco como sorte comum a todos, dizer tudo e o seu contrário, com aparência circular de neutralidade.
O desejo individual é exaltado, urgente de acção, como lembrou Foucault, útil, dócil, domesticada.
Recorta-se o tempo com realizações, parar é o vazio, o vazio é a angústia, o medo da insignificância, compreende-se assim a construção de um mundo sempre muito ocupado, devoto ao culto da urgência, que não satisfaz, porém, a necessidade íntima de acreditar.
Qualifica-se de abundante o resto que se encontra em falta, a competição engorda a corte daqueles que, menos exuberantes, se esgotam.
Não há ainda fórmulas excel para aferir o retorno da alegria de ter tempo, possibilidade esquecida em tempos de artesania.
A obsessão pelo número coloniza o mundo vivido, faz os homens perderem o senso da medida.
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