Artwork: Boa-viagem (Starjamming, 2014, Série "Eu hei-de encontrar o real")
Ir.
Dizem que é para ti tarde
para interails e ramos de noiva,
que para ti é sempre novembro,
- que já pedalas com as pernas abertas.
Sempre foste curva normal,
percentil sessenta,
diziam que ninguém te iria esperar
num dia de vento e chuva grossa.
Tens hoje dias cheios de horas,
picas cebola como a tua mãe fazia.
Compras cornetos,
dormes a sesta,
nadas costas,
quinhentos metros bruços -
casaste uma vez num cartório,
tanta papelada,
pensa na touca a tua cabeça.
Vais para casa,
vês as colheitas,
regas, descalço, os lírios
que te guardam o polibã.
Deitas-te,
pensas em arroz de tomate,
na lena d`água,
pequenina,
olhas o teu dedo indicador direito -
um prodígio
na discussão de jurisprudências.
Apagas a luz,
envias uma mensagem a confirmar que vais
- e levas mousse caseira para a sobremesa.
Nunca é tarde para se dizer presente.
Apagas a luz,
envias uma mensagem a confirmar que vais
- e levas mousse caseira para a sobremesa.
Nunca é tarde para se dizer presente.
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