Friday, December 23, 2011

Self-disclosure

2011: A ilusão de preencher o lugar vazio.


Quando os dias se findam em número, as pessoas fecham os olhos, juntam as mãos, cansadas da economia da medicina, nos seus limites de concordância com a expectativa correntia.

No momento do balanço putativo, em que volta a disposição para pôr as contas em dia, importa partilhar o encontrado com mágoa delicada, e neste ver o confronto com a sombra e o lugar vazio, o desconforto do que foi, a generosidade do que ficará, possível reminiscência calorosa que o futuro acalentará nas suas contradições, o melhor filme, o melhor momento, aquela sopa, importará ter lá estado para acreditar, vamos tentar dizer, fazendo uso do mais apto fungo da fala.

Do que em nós gostaríamos que ficasse, damos conta no abaixo listado, registo em número de onze que partilhamos com um sorriso e o mais particular apreço.


1. Feijoada no Escoural, açordas na Bebé.
2. Ela. A correr, a correr, a correr.
3. A primeira meia-maratona, e o sorvete que lhe seguiu.
4. A hipótese de redenção num pacotinho de leite de Rita Blanco.
5. Smallville Records, sempre. E o EP absurdo do Todd Terje na Running Back.
6. Sábados de manhã. Lentos, lentos, lentos.
7. Gin tónico.
8. Kjell Askildsen.
9. Futebol à meia-noite de quinta-feira, um pequeno e inesperado prazer.
10. "Um pouco de morte" de Joaquim Manuel Magalhães, cinco euros nos Aliados, e um panado no Marinheiro de seguida.
11. O riso livre de amigos, vislumbre de humanidade, concreta comunidade posta à margem, no sinistro protagonismo dado a alegóricas abstracções, o mercado, a europa, a banca, mil milhões de euros.

1 comment:

Unknown said...

MAGNIFICO...

"ELA, a correr, a correr, a correr, a correr." Bonita visão do puro amor, amor que ao sábado de manhã se vislumbra lento, lento, lento.

Tão lindo!