Artwork: Refoulement (Antonio Pedro, 1936)You told me it would last forever.
Ele era um professor de biologia atento à crueza real das paredes celulares, os telómeros incertos que determinam a fragilidade do futuro, brilhante o seu, poder-se-ia dizer, vendo-o num teclar furioso que só o poderia capacitar para um desempenho superior, estrangeiro, assim fizesse por derivar a sua graça em casamentos, armários e outras aberturas práticas concentradas.
O tempo foi fazendo, contudo, as suas rimas, a sua justiça, costura de corte mediano próprio da sua natureza, e com esta, os domingos, as terças, quinze e trinta e cinco, foram afinando o tom na descrição reiterada de figurinos mitocondriais, os anos passados em especificações inopinadas que assentavam um tanto melhor quanto ditas no assento arbitral de uma mesa de café.
O vivido voltava e era demasiada responsabilidade para uma parede ou um organelo celular, o cabimento de um futuro cru e incontrolado, o que vem depois de muita coisa. Ele queria ser um homem novo, mas não conseguia. A sua presença foi-se embaciando face à realidade, tantas vezes em favor de um detalhe pouco significativo. Chorava à noite pelo jeito raro de lidar com a sintaxe celular da penúria miudinha, que eficácia medida daria se soubesse que fazer de concreto com ele. Um dia, reencontrei-o, cumprimentando-o vagamente.
Ele retorquiu, dizendo-me adeus, dizendo-me que sim.
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