Saturday, August 20, 2011

Self-disclosure

Artwork: A sesta (Almada Negreiros, 1939).



Um dia, a cidade.



Minha senhora,

Gostaria de lhe poder contar realidades novas, ordenando o futuro e eventualmente a anterioridade, porém o vento do tempo citadino não inspira ventilações difusas impressas em modo e papel de carta.

Serei breve, como o mais que é na cidade, onde, em jeito
de aprendizado, observo que para que a cor impere entre os cinzas, a atenção deve brotar especializada dos primeiros anos, precisa e auto-suficiente, um júbilo decorador que agora lhe ilustraria, no abrigo das sombras emaciadas, mas, como sabe, saí de modas há catorze anos, e uma desadequação débil é o que me fica da estatuária descrita num asséptico arial bold, como se fosse feita de uma medida ilegível, materais dúcteis que adbico, por agora, de lhe descrever com minúcia.

Registo, porém, que a cidade possui gigantes e sonhos no seu íntimo canavial, e
como sempre me referiu, era lá que deveríamos estar, fruindo a tertúlia cosmopolita e a elegância funcional do edificado, não fosse a sintaxe que nos angaria elementos em débito e as mais lentas condições produtivas, realidades nos seus sentidos amplos que aqui se tornam visíveis em manifestos de página inteira, rigorosamente ajustados à definição de um ambiente que articula as mãos sem jeito, remunerando-as de um modo escandinavo, sem debate ou interrogação.

Pelo que me apercebo, o tempo faz-se de cinco em cinco euros
, uma recorrência que poderia figurar, sem pequenez de proveito, nas novas didácticas de enriquecimento curricular.

O hálito que me diz
é neste momento um tanto acre e primitivo, mas estou certo de que a maleita será debelada, no aprumo do regresso, com uma das suas sopas, minha senhora.

da cidade por agora me despeço,


(o seu joão)

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