Uma cama.
Pousei-me em cima da cama
pus em mim uma roupa composta
esperando-me apresentável
fui à casa de banho, de necessidade elevada
pelo picante do entrecosto da véspera.
Tinha trinta e quatro anos
lembrava-me delgado sadio aos trinta e um
- onde é que isso já ia -
não sabia se seria março
ou os idos de um verão adoptado entretanto,
lugar de boa graxa para a rendição dos sentimentos,
ao resultar aí natural o cuidado posto
num dizer escorreito.
Saí, decidido e sanguíneo, um e outro atributos
vizinhos do que parecia ser uma coisa incompleta; ao caminhar, das pernas
duas compostas a bom custo, destacava-se um optimismo
inconformado, descalço como a mais cândida água corrente.
O tempo prosseguia e insistia
quase sempre depois para que alguma coisa tivesse lugar,
e eu, certo apenas nos nomes do que havia a fazer.
No regresso, pousei-me em cima da cama,
depus uma roupa composta,
esperando-me ainda assim apresentável.
Nunca me explicaram a razão de estar ali,
a recôndita vereda do que importava ali fazer.
A poucos será dito, assumi, a hipótese de ser
corpo de minoria no definir das inépcias
que se pousam em camas, onde por lapso
o dorso de uma grande baleia inscreve
agora um ponto final.
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