Pechisbeque.
A propósito da corrupção do sentido das palavras em tempo de superficialidade e pasteurização das relações sociais (de comércio, afecto e sexualidade, e trabalho), vertemos aqui algumas linhas acerca da proveniência etimológica de um vocábulo que urge (re)introduzir no léxico do utilizador médio da língua portuguesa. Falamos, como desta introdução facilmente se depreendia, do termo "pechisbeque".
Designava-se por "pechisbeque" praticamente tudo o que, parecendo metal rico ou peça de valor, realmente não passava de falso ou de imitação barata. O termo, injustamente arredado do actual português falado, deriva de Christopher Pinchbeck (1670-1732), que, nos alvores do século XVIII, terá criado uma liga de cobre e zinco para fabrico de pequenos objectos, que eram posteriormente submetidos a um banho de ouro. Reluzentes e apetecíveis, estes objectos eram largamente difundidos e apreciados pelo baixo preço. O filho de Christopher, Edward Pinchbeck, deu continuidade ao legado do pai, e à designação "pinchbeck" associou-se todo o tipo de ligas baratas que imitassem ouro. No português, o vocábulo virou "pechisbeque", uma produção barata, que, ao olhar desatento e desinformado, sugere gratificação incontida e ilimitada.
Pela natureza dos universos sociais habitados pelo evidência de plástico, a pretensão diáfana e o culto da aparência, que, com a regularidade do período menstrual de uma jovem púbere, nos assaltam o normal funcionamento do sistema límbico, pensamos que deve considerar-se seriamente na reintrodução deste termo no linguajar quotidiano. Saberíamos, então, designar com maior propriedade, o motivo da nossa descompostura de espírito.
1 comment:
Boa (re)visitação do histórico termo, que - às vezes - nem sabemos se existe(iu)...
Tão importante que, até podemos inferir que estamos rodeados por "pechisbeque"'s, em todos os quadrantes:
- social
- politico
- gestão
- empresarial
- cultura
- música
Boa ideia esta de falar do "pechisbeque". Amanhã vou perguntar-lhe...
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