Mão-dada.
Aos vinte anos, o meu avô foi ao sulfato a frança, três dias numa bedford das novas,
que subia, descia, e fazia bem as curvas.
Diz ele, o meu avô, que nestes dias não teve fome, dado o susto, a hora marcada, a via sacra da responsabilidade, levar um saco de moedas com um furo no meio.
O recado foi aviado com especial sentido de resguardo, de frança vieram três pacotes de sulfato, uma história enfim distante, pequena soma de diferenças assim contada: havia uma curva em espanha, nos cruzamentos, na dúvida, o meu avô seguiu sempre em frente, o caule tenso, os pés enxutos, as calças coçadas.
Aos noventa e dois anos, o meu avô usou pela primeira vez desodorizante, diz que há uns cheiros do corpo que talvez fiquem melhor assim.
Um dia, ainda vou saber que o meu avô foi em tempos à ponte de leça e deu passeios de mão dada.
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