Goma.
Na faculdade, as meninas de bata branca
sentavam-se sempre na primeira fila.
Tiravam apontamentos, comiam croissants,
tinham aplausos, vintes nas pautas,
férias, depois, fotografias,
uma pose, a mão-na-anca para convencer,
havia esperanças quanto ao futuro que lhes caberia.
Um dia casaram todas, tiveram rendas e berços,
arroz à saída da capelinha.
Hoje têm uma agenda, filhos,
na mesa, um álbum,
mergulhos em piscinas,
poses em escorregas,
a cabeça a fartar-se do silício,
das coisas sempre por engomar.
De mão dada, dormem sempre de luz acesa,
eles, em estado de empenhamento,
elas, com problemas de circulação.
Há quem o diga,
(há quem o tenha visto)
que ao fim de semana
têm dificuldades,
fazem uma panela de sopa,
suam, inclusivé.
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